Tirarei férias de mim
[mesma
para procurar ausência
e neutralizar atitudes
que nunca tive.
Há vontades que não
[esqueço
por se fazerem lembrar
[a todo momento.
Há desejos insones,
teimosos em manter-me
[acordada,
mais prováveis no mundo
[dos sonhos.
Não sossego.
Ando numa onda de inquietação irritante
em que todas as vontades formigam.
Cansei de esperar
o que não conheço ou quem nunca vi.
Não tenho mais fôlego
para acenar para o que não me enxerga
ou procurar o que nunca me encontrou.
Sufoquei de tédio,
paralisei princípios,
que agora se dispersam devagar
rastejando estorvo.
Não sei se contenho essa dispersão
— num gesto óbvio de quem valoriza resquícios —
ou se deixo tudo escorrer para esvair-me junto
num desaparecer consentido.
Por mais que me esforce,
eu persisto, resisto, não passo.
Tardo e permaneço
ao arrastar sobrevivência.
Murcho gradativamente
ainda que incapaz de esvaziar-me e diluir-me
em esperanças aguadas de horas inexistentes.
Sou sem existir,
porque inócua me transformo
em descrenças que não quero ser.
(Querer é verbo anômalo,
que para certas coisas
é preciso abolir do vocabulário)
Se sou desejos e vontades espalhafatosos;
se anseio, teimo e insisto,
querer é o que move meus instintos
dilacerados e roucos berrando para o nada.
Mais fácil ser nada,
sentir nada,
querer nada,
mesmo tendo quase tudo.
Desisto.
Abro mão desse tudo.
É o quase que me faz falta.
[mesma
para procurar ausência
e neutralizar atitudes
que nunca tive.
Há vontades que não
[esqueço
por se fazerem lembrar
[a todo momento.
Há desejos insones,
teimosos em manter-me
[acordada,
mais prováveis no mundo
[dos sonhos.
Não sossego.
Ando numa onda de inquietação irritante
em que todas as vontades formigam.
Cansei de esperar
o que não conheço ou quem nunca vi.
Não tenho mais fôlego
para acenar para o que não me enxerga
ou procurar o que nunca me encontrou.
Sufoquei de tédio,
paralisei princípios,
que agora se dispersam devagar
rastejando estorvo.
Não sei se contenho essa dispersão
— num gesto óbvio de quem valoriza resquícios —
ou se deixo tudo escorrer para esvair-me junto
num desaparecer consentido.
Por mais que me esforce,
eu persisto, resisto, não passo.
Tardo e permaneço
ao arrastar sobrevivência.
Murcho gradativamente
ainda que incapaz de esvaziar-me e diluir-me
em esperanças aguadas de horas inexistentes.
Sou sem existir,
porque inócua me transformo
em descrenças que não quero ser.
(Querer é verbo anômalo,
que para certas coisas
é preciso abolir do vocabulário)
Se sou desejos e vontades espalhafatosos;
se anseio, teimo e insisto,
querer é o que move meus instintos
dilacerados e roucos berrando para o nada.
Mais fácil ser nada,
sentir nada,
querer nada,
mesmo tendo quase tudo.
Desisto.
Abro mão desse tudo.
É o quase que me faz falta.
2 comentários:
Kandy,
Maravilhoso!
Se tirar férias tem esse efeito, deveríamos ter férias no mínimo umas 3 vezes ao ano!
Bj,
Te
excelente:)
bjs, da amiga q tah com saudades,
Jana
Postar um comentário