31 dezembro 2009

Renovação

Última página do meu álbum da Itália

Que saudade de escrever aqui. O último dia do ano é mesmo um dia estranho, todo saudoso, como se carregasse em suas horas todos os minutos do ano que passou, tudo o que vivemos e não volta, todos os sorrisos que demos, a intensidade do que sentimos. Mas também é um dia que carrega o futuro: o ano que está por vir. É o momento oportuno para idealizarmos nossos desejos, estabelecermos metas e reunirmos forças para cumpri-las – muita gente faz listas de metas de ano-novo e não se compromete consigo mesma para cumpri-la. Isso é grave.

2009 foi um ano de muito trabalho para mim – 90% dele consequência da entrada em vigor do Acordo Ortográfico. Curiosamente, uma das minhas metas de ano-novo era trabalhar menos. 1 x 0 para o tempo. Mas, sendo a minha especialidade a língua portuguesa, não tinha como eu ficar olhando a banda passar. Por conta disso, o que eu não vi passar foi o ano, que hoje termina com uma sensação de São Silvestre dentro de mim, uma pressa danada de tentar dar conta de tudo num tempo curto demais para tanta intenção.

Mas outras metas foram cumpridas. Metas menos egoístas que demandaram de mim uma renovação comportamental: conviver mais com as pessoas. Este ano, batizei meu segundo afilhado; ganhei três sobrinhas lindas – uma de cada irmão –; fui (finalmente!) ao show da Laura Pausini, minha cantora favorita; conheci pessoas legais; revi amigos incríveis (ainda faltaram alguns...); completei 10 anos na mesma empresa; estive em Brasília, no Rio de Janeiro, em Itapetininga, em Florianópolis e em Belo Horizonte, para conhecer outros horizontes e novos amigos; mudei a operadora de celular graças à portabilidade, para falar mais com mais pessoas; fiz biscoitos para os outros; fiz bastante artesanato de presente para amigos; escrevi para uma revista; amei e fui amada do jeito que as pessoas sabem amar. E elas sabem amar de jeitos estranhos e introspectivos às vezes...

Em 2009, cuidei mais da minha vida, apesar de trabalhar tanto: cortei minhas madeixas onduladas; mudei o grau dos óculos (para mais!); consegui montar meu álbum da Itália; senti uma saudade danada da Itália; aprendi a usar carimbos e a tirar melhores fotos; comecei a assistir a todos os filmes da Audrey Hepburn; mudei uns paradigmas; ganhei um livro em francês como incentivo para estudar francês; terminei de ler O amor nos tempos do cólera; engordei (finalmente!); comprei a lingerie dos meus sonhos e fui obrigada, pelas minhas metas, a ausentar-me um pouquinho do mundo virtual para viver mais o real. Escolhas são assim.

É verdade que um ano não cabe em dois parágrafos – mas, com um pouco de dedicação, pode caber na memória, em um álbum de fotos, em cartas, cartões, depoimentos em comunidades virtuais, e-mails sinceros, torpedos expressivos, enfim, em todas as formas de comunicação.

Sabe, eu acredito verdadeiramente na comunicação e faço o que posso para neutralizar mal-entendidos, incentivar sinceridades, deixar claro o que penso, ajudar as pessoas a serem mais íntegras, coordenando pensamento, sentimento e ação. O mundo PRECISA disso: de teoria andando de mãos dadas com a realização; de intenções sendo postas em prática, de palavras ditas, de menos interpretação e nenhum blá-blá-blá. O mundo precisa ser mais simples e objetivo, como uma canção de ninar.

E é como uma canção de ninar que o ano termina, porque hoje é dia de saudade e de novas metas, a tal da renovação de que tanto falam. Mas ela só se concretiza a partir de atitudes, de um novo comportamento, de uma nova forma de pensar, de se comunicar, de fazer acontecer. A renovação só se realiza mediante o comprometimento. Infelizmente, as pessoas não se comprometem mais hoje em dia, nem consigo mesmas nem com os outros. Elas transferem, repelem, evitam, ignoram, deixam para lá, para depois, pra alguém resolver. Isso não é deixar de ter trabalho. Isso é ser medíocre.

O ano será novo. Nós temos de ser também. Íntegros, comprometidos e esforçados.

Sem medo.


Uma das minhas metas de 2010 é escrever mais neste blog. Obrigada a quem me lê, a quem comenta, a quem me manda e-mails, a quem me acompanha sem me conhecer. Feliz ano-novo!