14 março 2007

Simplesmente arteira


Sempre fui arteira: quando pequena, trocava facilmente mau comportamento por uma caixa de lápis de cor qualquer, pois as cores e texturas sempre me fascinaram. Eu também tinha um monte de hidrográficas coloridas, que dispunha em cima da mesa obedecendo à ordem do arco-íris. Por isso as aulas de Educação Artística, pra mim, eram o céu, onde tudo pode, ilimitado e vasto, papel gigante esperando tinta.

Por outro lado, não sou boa em desenhar à mão livre, embora tenha me aventurado em Edificações no ensino médio, o que me deu ótima noção de desenho, que trouxe de bônus uma caligrafia técnica cujos resquícios deixam charmosa a minha letra de mão. Mas, depois de terminar meu curso de caligrafia artística ano passado — porque não tem nada mais poético do que ser convidado para alguma coisa com uma caligrafia dessas —, minha letra ficou ainda mais múltipla.

É isso o que me encanta ao fazer arte: multiplicar-me em cores, formas, curvas, expressão. Para tanto, apesar do céu inteiro e gigante sempre ali, disposto a ser rabiscado, sempre busco novos horizontes, aprendendo outras técnicas, misturando materiais, mexendo aqui e ali no que de mais artístico há em mim.

Nessa procura plástica, elegi preferências que lembram a infância: giz-de-cera, lápis de cor e papel, muito papel — para escrever e para dobrar, cortar, colar, transformar, de qualquer estampa, tipo, tamanho, espessura. Posso montar um mundo com tirinhas coloridas ou um meigo ursinho panda em origami sorrindo pra tudo.


Então, além de escrever e fotografar (nessa arte eu ainda engatinho...), eu me multiplico em outros talentos artísticos, porque a arte é assim, multifacetada, deixando que passeemos nela de várias maneiras, seja por meio do cinema, da pintura, da música ou, como no meu caso, da literatura, de cartões, ilustrações, álbuns decorados com todo tipo de técnica em papel, quilling, alfabetos diversos em convites de casamento, os próprios convites de casamento com papel trançado, tecido ou seja lá o que for.


Uma de minhas professoras da faculdade costumava dizer que meus textos são plásticos, ou seja, que eu utilizo as palavras de um jeito tal que o leitor é levado a visualizar uma série de imagens, ainda que eu não me tenha valido de sentidos figurados. Esse talvez seja o motivo de eu conseguir transitar tão livremente entre a escrita e a imagem, traduzindo uma com a outra, fundindo as duas em uma arte tão própria, que delineia minha personalidade.

O exercício da arte é isso: saudável para a mente, é o que cultiva nossa criatividade e nos incita a ser mais originais, treinando diariamente não só o olhar para o belo como o poder de concentração, fazendo-nos mais otimistas, detalhistas, precisos e diversos, verdadeiros paradoxos ambulantes, amenizando, assim, o impacto que é viver num planeta de uma cor só, onde imensa parte das pessoas, embora sabiamente coloridas, ainda pensam em preto-e-branco.


7 comentários:

Balu disse...

Afinal também és uma artista com as mãos e não só com as palavras!!
Muito bem, que bonito!
Eu também gosto de fazer umas coisitas, gosto muito de fazer trabalhos manuais, mas gosto de os fazer com muita calma, como actividade relaxante mas... o tempo não tem deixado muito!

E também não sou grande artista, é por mero divertimento.

Os meus convites de casamento foram feitos por nós os 2, as coisas personalizadas são muito mais bonitas!!

Beijinhos
Fica bem

Sara

Fernanda suaiden disse...

Kan,
Vc é uma estrela, mas daquelas multicoloridas, cheia de brilho próprio! eu amo vc. Estou com muita saudades...
bjs

Anônimo disse...

q bom q vc postou de novo!:)
tava com saudades dos textos!
bjs

Anônimo disse...

Uma artista completa.

e que, em um futuro não tão distante, vai lançar um livro muito bom !!!!
eu ainda estou esperando.

Ricardo disse...

Eu em compensação sou uma besta, ainda que seja preciso muita arte pra decifrar as garatujas que soberbamente chamo de "minha letra"...

Desenho à mão, mas com a desculpa de ser "cubismo", pois só assim para explicar que aquele gatinho tão trabalhoso se assemelhe mais a um bule de café...

Enfim, nem todos nascem artistas como vc, Kandoca.rsrs

Anônimo disse...

Kan,
Suas artes estão cada vez mais belas! Você é uma pessoa privilegiada, porque não faz arte só para si, mas sim, faz arte que agrada e enfeita a vida de outras pessoas também.
E além de fazer arte, você também faz arte com palavras. Com elas você pinta, borda, desenha e esculpe em nossas almas. É muito lindo! Parabéns.
BJS
Glau

Anônimo disse...

Adoro as coisas que você escreve,espero muito em breve ler um livro seu!!!Parabéns,da tia avó do Bruno Peres...